01/07/2014

Mães que GRITAM

Sou dessas, confesso. Embora nem sempre tenha sido assim.

Ainda lembro da primeira competição da Laura: 04 de setembro de 2010. Nesta época, eu ainda não gritava. Aliás, naquela ocasião, eu nem sabia direito o que era uma luta de Judô. Lembro que o evento era a Copa Canoas, no Ginásio da Unilasalle (onde estivemos dia desses). Não sei quantas áreas estavam montadas, talvez 6. Sei que chamaram para a concentração e, depois disso, eu não sabia pra onde olhar. Fiquei feito barata tonta na arquibancada e, quando me dei conta, a primeira luta da vida da Laura em um campeonato já estava terminando. Obviamente, na área que ficava mais longe de onde eu estava. E eu nem sequer tinha assistido. Fiquei atenta para a segunda e, essa sim, consegui acompanhar. Não lembro de ter gritado nessa ocasião, no máximo um "Vai, Laurinha" deve ter saído, e olhe lá.
Ao menos no Judô, é grande o número de mães que gritam durante as competições. Algumas, com vozes e frases tão características, que ouvimos (e reconhecemos) mesmo estando do outro lado do ginásio. Eu, ao longo destes quase quatro anos, fui me tornando mais e mais gritona, chegando ao ponto de - vergonhosamente - ouvir da própria Laura que gostaria que eu fosse assim, digamos, mais contida.
Pra mim, é impossível acompanhar uma luta da minha filha sentada na arquibancada. Admiro aquela(e)s que conseguem.  Comigo tem que ser ali, em pé, na grade ou rede, o mais próxima possível da área e, é claro, gritando. Muito.
Embora hoje em dia eu já tenha um convívio bem mais amplo com o esporte, acompanhando dezenas de competições e treinos diários, quando o árbitro profere o hajime, raramente as "dicas" que saem da minha boca são técnicas. Nomes de golpes não aparecem na minha mente neste momento. São palavras de incentivo, mas que dificilmente referem-se exatamente ao que ela deve fazer. Os gritos quase sempre são:  "Vamo Lauraaaa", "Tu na frente", "Não deixa subir a mão", "Acreditaaaaa". Já teve o "Faz ela tomar mais um shido" e, quando a luta vai pro chão, "Vira ela, Laurinha! Força, força!" e, depois, fatalmente "Seguuuuuuuura! Não deixa virar!" (que é, sem dúvidas, o que eu mais lembro de ter gritado até hoje).
Ultimamente, tenho tentado ter maior controle. Mas a emoção que sentimos ao observar os filhos no tatame quase sempre extravasa. É difícil vê-los ali, admitir que o desenrolar da luta depende quase que exclusivamente deles (e não há o que possamos fazer para interferir). Sempre acho que, como mãe, tenho a obrigação de ajudar. Nem que seja gritando palavras de apoio. Mesmo que elas não sirvam para muita coisa.

Para encerrar, duas pequenas observações:
 - Senhores técnicos: saibam que os gritos de mães em hipótese alguma tem a pretensão de substituir as orientações de vocês, que fique bem claro.
 - Filhos-atletas: nunca, jamais, temos a intenção de fazer vocês passarem vergonha ou, como dizem, pagarem mico. É a nossa maneira de demonstrar que estamos ali, lutando junto, ainda que do lado de fora do tatame.

observando da grade

comemorando na rede, após gritar muuuuito

na grade, esperando junto

"orientando" na beira da área

juntas na comemoração




No vídeo abaixo, uma pequena amostra de tudo o que eu já gritei neste ano. Mas CUIDADO: se estiver no trabalho, coloque os fones de ouvido.  ;)








*créditos das fotos: Miguel Noronha / FGJ e Helcias Caixeiro

12 comentários:

  1. hahaha!!! Adorei!! Vamo Lauraaaaaa, esse até já me contagiou, me pego gritando vamo Matheussssss. Muito legal o teu texto, descontraído. Beijinhos gritona!!!

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    1. Que bom que gostou, Lisi!
      Tu é uma das mais contidas que eu conheço. Tem que "se soltar". Hahahaha. Vamo Lisiiiiiiii!

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  2. Carol, eu como mãe gritona assumida, te entendo perfeitamente, já que não podemos fazer nada, só nos resta gritar.

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    1. hahahaha, Ana!
      Ana & Carol = as mais gritonas da Sogipa. =D

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  3. Carol que belo texto!!! Identifiquei-me sim sou gritona, no entanto já estou me contendo/comportando mais, agora consigo ficar “gritando” da arquibancada, sim, uma enorme evolução! hehe. E Caio curte, nunca reclamou dos gritos. E vou contar como me vejo... Mesmo eu tendo a certeza (no meu caso), que esta explosão de sentimentos denominada gritos e para eu “mãe”, poder exorcizar a ansiedade, medos, duvidas que transborda naquele momento, é assim que me sinto. Quanto a eles estão tão concentrados que tenho duvidas se nos ouvem, acredito que nos vendo lá naquela mesma emoção já sintam nosso incentivo e amor... Confesso que comecei a me controlar mais e pensar desta forma, quando em casa baixando as lutas da câmera, nosso cachorro Bob ouvindo meus gritos “enlouquecedores”, no vídeo, começou a me olhar estranho, (me lambia e também rosnava querendo me atacar), refleti... Bom se ele (Bob), com todo seu puro instinto não conseguia identificar o que estava se passando estava confuso, será que outro saberia? Então a mais ou menos um ano para cá, estou tentando, sim... estou Tentando... Controlar-me, claro dentro do meu nível emocional... rsrs

    Bjus a todas

    Cindia Kuse

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    1. Cíndia, querida! Que bom ler teu comentário e saber que tem mais gente que se sente assim!
      Na hora, nem percebo o quanto me exalto. Mas, na hora de baixar os vídeos... dá vergonha de mostrar pra quem quer que seja. hahahahaha

      Nestas últimas competições (exceto a seletiva) acho que gritei menos. Mesmo assim... acho que preciso controlar mais minhas emoções. Espero que, com o tempo, isso diminua. Ou, ao menos, que sejam gritos realmente técnicos. ;)

      beijão!

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  4. Adorei Carol! Admiro muito vocês que conseguem extravasar os sentimentos. Ainda não cheguei neste nível, sou mais contida. A minha maneira de passar tranquilidade para a minha "atleta" é estar sempre ao alcance dos seus olhos a partir do momento que ela entra na concentração, e tanto isto é importante para ela que já me confessou que não iria para um campeonato de judô ou jiu-jitsu sozinha, como vemos tantos que o fazem com a maior tranquilidade. Mas sei o quanto essas palavras de apoio próximas às áreas são importantes tanto que até já pedi ajuda de muitos do grupo em alguns campeonatos com maior grau de dificuldade ou até mesmo de insegurança dela. Também é importante quando o oponente está tendo este "apoio". A minha convivência neste esporte ainda é pequena, por isso, espero evoluir com o decorrer do tempo. Enquanto este dia não chega... continuarei torcendo à minha maneira e contando com as "vozes amigas"!

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    1. Fabi!
      Pode contar sempre com os meus gritos (desde que a Nubs não lute ao mesmo tempo que a Laura - hehehehe)
      É notável o quanto a tua presença junto a ela é importante!

      beijão!

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  5. Carol fiquei muito emocionada olhando teu vídeo,lembro no Regional q assisti pela internet no celular me diverti e rimos muito eu e a Vi qdo estávamos assistindo uma outra luta e percebemos q a Laura estava lutando na área ao lado pois ouvíamos bem la no fundo "segura Lauraaaaaa"...Sou uma mãe muito gritona e tbm td vez q baixo algum vídeo da Vi e mostro p minha família sempre tem aqle comentário"parabéns Vi, e como vc ainda tem voz depois de gritar tanto...rsrsrsrs" no meu caso e sempre mt difícil gravar os últimos segundos de luta, pois qdo ela ganha normalmente estou aos berros e filmando a parte de cima do ginásio..lindo e emocionante texto....

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    1. Andrea!
      As primeiras cenas do video são dessa luta mesmo, do Brasileiro Regional. Coloquei de propósito porque lembrei de ti e a Lisi dizendo que dava pra ouvir na transmissão da internet... hehehehe

      E, realmente, mostrar os vídeos para a família é sempre motivo de risada por parte deles. Acho que começarei a mostrar sem áudio, inclusive. :)

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