O judô é uma modalidade esportiva de combate que possui como
característica o confronto entre dois oponentes que buscam vencer o combate
dentro de regras específicas. Com objetivo de equilibrar as lutas em termo de
peso corporal, força e velocidade, os judocas são divididos em categorias de
acordo com peso e idade.
Em decorrência de o judô ser um esporte dividido por
categoria de peso, os atletas reduzem grande quantidade de peso próximo às
competições com o intuito de enquadrar-se em categorias mais leves do que a
correspondente do seu peso habitual. Em média os homens reduzem 4,5 kg e as
mulheres 1,7 kg na semana pré-competição. Sem acompanhamento profissional,
acabam utilizando por conta métodos agressivos e errôneos para de perda rápida
de peso. Cortar alguns grupos alimentares e desidratar são estratégias realizadas
pela maioria dos atletas.
Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do
Esporte os efeitos adversos da desidratação podem ocorrer mesmo que ela seja
leve ou moderada, com até 2% de perda do peso corporal. A partir de 3% há
redução significante no desempenho e aumenta o risco de um atleta de
desenvolver doenças pelo calor como cãibras e exaustão. De 4 a 6% de
desidratação pode ocorrer fadiga térmica e a partir de 6% existe risco
de choque térmico, coma e até a levar a morte.
A desidratação prejudica o desempenho físico, permitindo
limitações na manutenção efetiva da temperatura corporal, prejuízos como
alterações no volume plasmático e sanguíneo, redução do volume sistólico, prejuízo
na função endócrina, aumento do estresse fisiológico e psicológico, aumento da
percepção subjetiva de esforço, alterações de alguns hormônios, interrupção
temporária do crescimento e diminuição da atividade do sistema imunológico. Aspectos
cognitivos também podem ser influenciados pelo grau de hidratação, com relatos
de maior incidência de dores de cabeça e prejuízos na habilidade de se
concentrar e se manter em alerta.
Os atletas que se submetem às dietas hipocalóricas
apresentam aumento do estado de confusão, depressão, raiva, fadiga mental,
tensão, sentimento de isolamento, com a diminuição do vigor e autoestima e
vontade descontrolada de comer após a competição ou fora da temporada de luta.
Outra questão importante é o ciclo de ganhar e perder peso “weight-cycling”,
que é o rápido ganho de peso após rápida redução. Alguns efeitos adversos: o corpo
se torna cada vez mais eficiente na utilização e armazenamento de energia, diminui
a taxa metabólica basal o que torna as próximas reduções cada vez mais difíceis
e assim exigindo restrições energéticas ainda maiores, aumento da gordura corporal
e aumenta chances de problemas cardíacos.
A alimentação de um atleta é diferenciada em função do seu
gasto energético relevantemente elevado e da necessidade de nutrientes que
variam conforme sua rotina de treinamentos e calendário de competições. O acompanhamento com a nutricionista é
individualizado e personalizado de acordo com o objetivo de cada atleta.
Já é comprovado que a perda rápida de peso traz prejuízo a
curto e longo prazo para saúde e desempenho físico dos atletas. O papel da
nutricionista esportiva é avaliar o atleta e auxiliar na perda de peso
adequada, visando preservar a massa magra e diminuir o percentual de gordura.
Natália Guerra
Bordignon
Ex-atleta profissional de Judô
Nutricionista CRN2 13455
Especializada em Fisiologia do Exercício
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