Dia desses
eu estava almoçando com dois colegas de trabalho. A sobremesa era uma das
minhas preferidas: mousse de chocolate. Servi tudo o que cabia no potinho e
comentei: “vou aproveitar e comer tudo o
que eu posso já que, por estes dias, não entra doce na minha casa”. Um deles, com quem não tenho muita
intimidade, me questionou: “Por que isso?” Expliquei que se aproxima uma seletiva
importante e que, por este motivo, Laura precisa controlar a alimentação pra
não estourar o peso. Em seguida, o que ouvi foi “Tu não estás levando isso a sério demais? Acho que tu te importas
muito mais com judô do que ela própria.” Respondi na hora, dizendo que quem escolheu o
judô foi ela. Que quem optou por treinar todos os dias foi ela. Que ela é fominha e participa de todas as
competições do Circuito Estadual porque quer. Ele rebateu: “E tu realmente acreditas que ela possa chegar a uma Olimpíada ou a um
Campeonato Mundial? Milhares tentam e pouquíssimos conseguem.”
A resposta
é simples: enquanto ela desejar, enquanto tiver isso como ideal, enquanto se
tornar uma atleta profissional for o sonho dela, eu vou acreditar. Se um dia as coisas mudarem, estarei ali:
acreditando e apoiando também nas mudanças.
Embora eu pense desta maneira, a observação do
meu colega é bastante pertinente. Muitos pais,
na ânsia de que os filhos alcancem o sucesso, acabam exagerando. Criam
expectativas quanto ao futuro das crianças, principalmente no que diz respeito
aos resultados.
Alguns matriculam cedo seus filhos em escolas esportivas, e cedo os
iniciam nas competições. Eles
acostumam-se com vitórias de tal maneira, que realmente acreditam que um atleta
de pouco mais de 10 anos (por vezes até
menos) estará em breve brilhando pelo mundo afora. Traçam planos gloriosos para
sua “carreira esportiva”. Porém, nem
sempre, é isso o que o filho deseja.
Há casos em que os pais projetam os seus sonhos nos filhos e
acabam não dando a eles oportunidade de escolha. Existem esportistas (crianças
ou não) que tem como objetivo apenas usufruir dos benefícios trazidos pela
prática e que não gostam de competir. Ou, ainda, aqueles que competem, que gostam de vencer, mas que
não fazem disso o foco principal de suas vidas.
Embora esteja nesse meio há pouco tempo, já vi jovens judocas
considerados “promessas da nova geração”, de repente, mudarem de ideia: sendo campeões de tudo em determinado ano e, no ano
seguinte, abandonando completamente o esporte.
Voltando à minha situação: minha filha tem 14 anos. Pratica judô há 4.
Hoje, tem objetivos bem definidos: o
sonho dela é treinar muito, cursar Educação Física, integrar a Seleção Brasileira,
conquistar muitos títulos internacionais e uma medalha olímpica e, depois
disso, ser “sensei de crianças” . Amanhã, tudo pode mudar.
O meu sonho é vê-la feliz. Tanto faz se for nos tatames, numa academia, loja, num escritório, consultório ou qualquer outro espaço onde ela se sinta realizada.
O meu sonho é vê-la feliz. Tanto faz se for nos tatames, numa academia, loja, num escritório, consultório ou qualquer outro espaço onde ela se sinta realizada.
Aos pais em geral, fica uma questão: até
que ponto estamos dando oportunidades para nossos filhos destacarem-se naquilo
que realmente os interessa? Para pensar.
UPDATE (23/07): encontrei hoje no Portal EBC, um vídeo de programa com mães de atletas relatando sua rotina, e que se encaixa bem neste texto. Entre estas mães, Regina, mãe do judoca Leandro Guilheiro. Vale conferir: Como é ser mãe de atleta?
UPDATE (23/07): encontrei hoje no Portal EBC, um vídeo de programa com mães de atletas relatando sua rotina, e que se encaixa bem neste texto. Entre estas mães, Regina, mãe do judoca Leandro Guilheiro. Vale conferir: Como é ser mãe de atleta?
Também penso assim. Que sejam felizes e realizados e tenham oportunidade de escolher. Lindo texto, bom pra refletir. Bjus Carolzita!!!!
ResponderExcluirobrigado, Lisi!
Excluir<3
Também concordo! Ontem me perguntaram se sonhávamos em ver nossos filhos numa olimpiada. Respondi que vivemos o momento aproveitando todos os benefícios que o esporte traz principalmente nas crianças pois estimula senso de responsabilidade e respeito. O futuro a Deus pertence e o sonho primordial pelo menos da maioria das mães que conheço é ver seus filhos felizes e realizados!
ResponderExcluirBelíssima resposta, Fabi! É isso mesmo! :)
ExcluirMaravilha que você pense assim.
ResponderExcluirHoje vi um pai que faz de tudo para que o filho seja jogador profissional de futebol. O filho parecia querer a mesma coisa, mas o percebi no olhar do pai que aquele era o sonho dele, e não necessariamente do filho. Uma mudança de planos do filho geraria uma frustração enorme no pai, e pode ser por isso que o filho insiste. Fiquei pensando nas crianças que passam por essa situação. Que bom que existem pais como você.
Luilton!
ExcluirObrigado pela visita e pelas palavras!
Vejo teu carinho e dedicação com tuas meninas e sei que me entendes perfeitamente. ;)