30/03/2014

Aprender com os erros: a maior vitória

No último sábado, aconteceu a Supercopa Santa Cruz do Sul, no Ginásio Poliesportivo da cidade.
Laura e eu estávamos relativamente tranquilas. Com a classificação para a Seleção Gaúcha duas semanas atrás, ela estava bem confiante (e eu também).

Na chave dela, mais 3 adversárias: as mesmas da Seletiva. A disputa seria, mais uma vez, em forma de rodízio (todas contra todas), aquela que vencesse mais lutas seria a campeã.
Já na primeira disputa, Laura enfrentou uma colega de clube e grande amiga. O combate foi acirrado, e a vitória veio por uma punição da adversária.
A segunda luta foi rápida: ippon por imobilização em menos de 1 minuto. Faltava ainda uma luta para que ela fosse declarada campeã.
O terceiro confronto foi contra uma adversária frequente, de quem a Laura nunca sofreu uma queda. Para mim, a chance de vitória era grande. Mas, infelizmente, não foi bem assim.
Bem no início, ela conseguiu imobilizar a adversária, mas esta acabou virando antes que fosse marcada pontuação. Pouco depois, ela foi advertida (sem punição) por algo que tinha feito (e que eu não entendi). A luta seguiu: Laura estava atacando mais e a adversária já tinha um shidô. 
O problema aconteceu quase no final do tempo de combate: Laura entrou um golpe, as duas caíram, a adversária levantou chorando e segurando o braço. Os três árbitros se reuniram e veio o temido veredicto: hansokumake (falta grave, que dá imediatamente a vitória ao oponente).
Do meu ângulo de visão, não conseguia entender o que tinha acontecido. Perguntei ao técnico que estava na cadeira dela e ele me disse apenas: ela fez uma "chave de braço". A própria Laura, no início, também não entendeu. Disse que "errou a pegada" e acabou fazendo um golpe estranho.

Mostrei o vídeo ao outro técnico da equipe, que me explicou: O tal golpe estranho que ela tinha feito sem saber que existia, tem nome (que eu já esqueci) e atualmente é proibido porque quem sofre o golpe tem risco de quebrar o braço. Da primeira vez foi advertida, na segunda, desclassificada.

Como 3 das 4 atletas da chave empataram com 2 vitórias cada, a decisão foi por diferença de pontuação. Por este motivo, mesmo tendo vencido a primeira colocada, ela acabou com a medalha de bronze.
Nos instantes iniciais, ela não se conformava. Chorou, esbravejou, reclamou de injustiça. Confesso que eu também não consegui engolir a situação, ainda mais pela comemoração exagerada e desproporcional da família da adversária quando o árbitro desclassificou minha filha. Pareceu-me naquele momento  que o maior objetivo, para eles, era vencer a Laura. E isso me deixou assustada. Judô não é isso, na minha opinião. Para nós, os objetivos são bem maiores.

Hoje, em casa e mais calmas, conversamos sobre o acontecido. Chegamos à conclusão de que foi bom que tenha acontecido assim, em uma das várias etapas do Circuito Estadual. Aprender para não errar quando realmente não for permitido o erro. Daqui a menos de um mês, estaremos em São Paulo, onde a Laura vai representar o RS no Brasileiro Regional. Quem sabe o incidente em Santa Cruz não tenha servido exatamente para preveni-la de um erro fatal na competição que, até hoje, é a mais importante para a qual ela já se classificou?

A grande lição disso tudo é esta: ganhar é muito bom, mas perder pode ser necessário. As derrotas nos ensinam a voltar mais fortes e a prestar mais atenção nos pequenos detalhes que, às vezes, passam despercebidos nos treinos, mas que o olhar atento dos árbitros não perdoa.





UPDATE (31/03/2014): O golpe ilegal que a Laura fez foi um waki-gatame. Neste link tem vídeos de 6 atletas profissionais cometendo o mesmo erro em competições internacionais.

Um comentário:

  1. É... terá que prestar muita atenção para não repetir este golpe...
    Tu tens razão Carol... É errando que se aprende!

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