13/08/2014

Mãe na Arquibancada

Sou mãe de atleta. Meu filho, de quinze anos, já é campeão estadual e sul-brasileiro de basquete, com apenas quinze anos de idade. Mas confesso: assisti a poucos dos jogos em que ele participou.

É duro ser mãe e estar na arquibancada, torcendo pelo filho, em quadra!

Mãe com o filho na quadra, no campo, na piscina, deve sentir a mesma coisa: um turbilhão de emoções sucessivas! Vamos da frustrada tentativa de mantermos a calma até a vontade de esmurrar o cara de dois metros, ao nosso lado…


Ainda nos preocupamos com o desempenho do nosso filho, durante a partida. Mas de um ponto de vista diferente; ficamos apreensivas se ele irá se machucar, se magoar ou  se for expulso… No fundo, o que tememos é pelos seus sentimentos, e não tanto pelo desempenho do time! Ganhar ou perder não nos importa tanto…

A gente, ali, na arquibancada, anonimamente torcendo… E, não há como explicar essa torcida. É mesmo diferente!

A gente olha pro filho em quadra e avalia como ele cresceu! Se sente orgulhosa da sua raça, da sua paixão, da sua gana, durante a disputa. É quase um estranho aquele atleta ali, comparado ao menino que almoça na nossa mesa e dorme na nossa casa…

Ele cresce no uniforme e nos momentos em que está no jogo. Vira um herói. Praticamente conseguimos sentir a adrenalina que corre nas suas veias. Entre mãe e filho existe tal afinidade… É possível perceber o que lhe comanda, o que lhe inspira, o que conforta, o que lhe faz tremer!

E em cada lance, em cada cesta, o coração da gente vai junto. Algumas vezes se manifesta numa explosão de voz e corpo! Outras vezes, nos fazemos menor, espremidas contra a desconfortável arquibancada, pela vontade de sumir… Vida duríssima, esta, de mãe de atleta…

E somos diferentes dos pais. É inegável. Os homens são mais desafiadores. Cobram do juiz, muitas vezes, esquecendo que são apenas meninos de uniforme… Gritam com seus filhos, em quadra. Dão orientações, não muito aconselháveis, sem se incomodar com os verdadeiros técnicos e treinadores! Querem ser pais de filhos vitoriosos. Doa a quem doer!

Nós, mães, não somos assim. Nosso foco é outro. Queremos que nossos filhos sejam felizes. Se vencerem, melhor. Se perderem, estaremos ao seu lado, confortando. Sabemos que depois de uma partida, virá outra. Sempre haverá um dia após o outro… E isso nos dá a serenidade necessária para apaziguar o seu coração.

Mas que não nos desafiem, achando que somos só mansidão. Mãe de atleta também está pronta para o enfrentamento se, se fizer necessário. Nada de engolir sapos, se for preciso sair em defesa do nosso atleta especial. Viramos leoa e encaramos o cara de dois metros!

A verdade é que quando a gente é mãe de atleta, nos sentimos vivas e prontas para o que der e vier. Se o filho entra em quadra, vestimos a armadura e… Deus nos ajude!

É um prazer vê-lo jogar, Gustavo!

Campeonato Sulbrasileiro


Campeonato Estadual  2013


Intercolegial 2014, primeira etapa - Municipal


***

Denise Pazito é  professora, pedagoga e mãe do Gustavo, jogador de basquete do CETAF Vila Velha (Espírito Santo). O texto acima foi publicado originalmente em 2012, no blog Doce Deni, que ela mantém há 3 anos.
Gustavo é portador de diabetes Mellitus tipo1 e, através de seus textos no blog, ela nos mostra que é possível ser atleta, mesmo sendo portador dessa doença (leia mais aqui).
O Doce Deni possui uma fanpage no Facebook. Para acompanhar as postagens, clique aqui e curta.

2 comentários:

  1. Ei, amigas! Muito bom poder colaborar com esse espaço tão especial. Já adicionei este blog à minha lista de recomendações, no DoceDeni. E já estou seguindo vocês. Temos muito em comum. Precisamos partilhar. Um abração. E apareçam sempre.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Denise, obrigado!
      Fiquei muito feliz e honrada em poder republicar aqui um pouquinho da história do Gustavo.
      Sinta-se à vontade para colaborar sempre que quiser!

      beijos

      Excluir

Gostou do texto? Rolou uma identificação? ;)
Deixe seu recado para nós!