16/01/2015

Sobre derrotas, desculpas e lesões

Quem não gosta de comemorar a vitória de um filho no esporte? Por mais que tenhamos a consciência de que o essencial não é o resultado, sempre ficamos felizes e fazemos questão de tornar pública a conquista. É muito comum, em finais de semana de competição, que minha linha do tempo no Facebook seja tomada por fotos de pódios, em sua maioria, publicada pela mãe ou pai de algum judoca. Eu própria faço isso.
O que não é legal é a atitude de alguns pais que sempre encontram um motivo para culpar alguém (ou alguma coisa) quando o resultado em determinada competição fica aquém do esperado. "O juiz roubou" "Ele deu 3 ippons e o juiz marcou só yuko" "O adversário aplicou um golpe que não podia" "O outro era muito maior, a balança devia estar errada" "O quimono do outro estava fora do padrão, não tinha onde pegar" "Só perdeu porque se machucou", e por aí vai. Será que é tão difícil admitir que o adversário estava num dia melhor ou, quem sabe, melhor preparado, ou que talvez tenha mais talento?  
É lógico que erros e injustiças acontecem. Tanto árbitros quanto atletas são seres humanos e, como tais, imperfeitos (já escrevi sobre isso no blog em 2013 >> para ler clique aqui). O que não pode é ficar justificando todo o resultado ruim (?) com este tipo de desculpa.

Pois bem.  Quando terminei de escrever meu último texto, sobre a Seletiva, senti que estava incompleto. Mas, justamente para não ficar justificando o resultado, optei por deixar assim. Laura foi guerreira, enfrentou meninas mais preparadas, perdeu na segunda rodada e ponto. Só que teve algo mais além disso.
Assim que saiu da primeira luta, a que ela venceu, fui até a concentração para parabenizá-la. Laura estava mancando e com cara de quem sentia alguma coisa.  Disse que quando foi entrar determinado golpe, o joelho "torceu" e que a dor foi muito forte. No momento, não havia muito o que fazer. Disse que ela fosse até a área médica, colocasse gelo ou algum anestésico... e bola pra frente.
Na segunda luta, ela entrou meio estranha. E perdeu rápido, de forma mais estranha ainda. Não posso afirmar que a causa tenha sido a lesão. Porém, não posso deixar de pensar nisso também. E também não sei o que poderia ter acontecido caso ela tivesse avançado para a fase seguinte.
Confesso que não dei muita importância, na hora.  Quando saímos do ginásio comprei um anestésico, ela disse que já não doía tanto e no dia seguinte fomos passear em Salvador. Imaginei que ela tivesse batido o joelho, estivesse apenas dolorido, e que logo estaria bem.
Porém, quando retornamos a Porto Alegre, na primeira tentativa de treino, a dor voltou. E com maior intensidade. Fomos direto ao Departamento Médico. Laura fez uma ressonância que constatou "rompimento parcial do ligamento colateral medial". Segundo o médico, se ela tivesse forçado mais um pouquinho, o rompimento seria total, e o tratamento, cirúrgico. 

Laura está de molho, pelo menos até fevereiro. Os planos de intensificação de treinos, por enquanto, foram adiados. Mas estamos firmes. E confiantes. 2015 será um ano de muito aprendizado, tenho certeza. E já começou assim: eu aprendi que toda e qualquer lesão /dor deve ser SEMPRE investigada. Somos mães (ou pais), e não traumatologistas. E nós duas estamos aprendendo a ter paciência. Não é a primeira vez que ela é obrigada a se afastar por lesão e, muito provavelmente, não será a última. Embora seja difícil ver todos voltando aos treinos, fazendo intercâmbios de verão e treinamentos de campo, estamos aguardando.  Logo Laurinha terá o joelho recuperado e estaremos no dojô mais uma vez, prontas para  novas batalhas.




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